quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sem título

Ok, vamos resolver isso de uma vez por todas.

Não consigo dormir e isso tem a ver com todas vocês. Isso tem a ver com nós. Eu e vocês. Então, deixa eu pelo menos resolver isso de uma vez por todas, ok? Vocês podem ficar em silêncio se quiserem e se não quiserem, ficarão de qualquer modo.

Bem, primeira não tão primeira. Você não é um mistério ao todo e nem tem muita participação nisso, mas você foi a primeira a ver que eu não era lá tudo isso que você esperava. E nós nem nos beijamos, nem nada. Estávamos ambos carentes, achando que "tudo bem, é isso que temos por enquanto". Pouco sei de você após aqueles 6 meses. Melhor dizendo, nada sei. Mas suspeito. Suspeito que esteja feliz com um bom homem ao teu lado e que seu emprego deve ser assim, um dos melhores do mundo. Não esperava menos. Não doeu tanto a rejeição. O que doeu foi aquela coisa do "vamos ser amigos". Infelizmente, eu faltei nessa aula, então...

Segunda, mas a mais marcante. É. Você. A garota que mais soube de mim e isso veio a ser minha derrota. Muito do que penso sobre as mulheres hoje, vem de você. Não é um bom exemplo, então podemos concluir que minha visão das mulheres não é das melhores. Sabe aquela dor no peito que dá só de respirar e não conseguir engolir um grão de arroz? Aprendi com você também. 3 anos para descobrir que tudo não passava de uma questão de...serventia. Quando não servia mais, o descarte foi inevitável. Eu também faria e já fiz isso! Mas o problema foi o que servia e o que não servia. O amor, a lealdade, a mágica, a confiança. Isso não servia. E o que servia, eu não tinha. O futuro. As garantias de que eu seria o seguro desemprego, o seguro casa, o seguro carro. De que adianta investir em ações desvalorizadas no mercado, certo? Eu não te culpo, mas também não lhe aguento perto de mim. Mas adivinha? Você está com um homem seguro, com um emprego que lhe da boa renda e provavelmente está feliz. Isso possibilitou o "vamos ser amigos"...bom, agora são 3 anos sem contato algum. Salvo alguns terceiros idiotas que insistem em me dar notícias periódicas sobre sua vida que, pode interessar ao meu ego, mas, eu já to quase saindo da adolescência.

A mais recente. A mais distante. E a mais sentida. E de todas, era a que eu apostaria minha vida e trocaria tudo pelo amor dela. Eu ainda não digeri muito bem essa, então, paro por aqui. Mas, vejam que ironia: eu não prestei.

Eu não devo prestar, é isso que me parece. Quanto mais se presta, mais chato parece. Eu devo trair, eu devo pensar em dinheiro, trabalho, filhos, família. Eu devo esquecer os toques, as confiabilidades, as sensações corporais, os frios na espinha. Trocar tudo isso por uma posição de homem perante seus lindos corpos nus e provar que eu sou o seguro que sempre quiseram.

Eu só queria escrever isso, porque não consigo dormir e a culpa me atormenta sem eu saber ao menos onde errei. E é algo que nem vocês sabem a resposta.

O problema é esse: eu tenho a memória muito boa. Para dados e para lembranças boas. Mas também lembro das coisas ruins e das palavras dilaceradoras que faziam bife da minha carne. Esse é o problema. Quero Alzheimer.

(Eu sei que não citei aquelas que eu machuquei, mas esse não foi o intuito. Eu já pedi desculpas para vocês...não pedi?)

domingo, 12 de setembro de 2010

Dias do Felino

O que aconteceu nos últimos dois dias? Eu não consigo relacionar.
Banquei o Homem-Gato. Realizei minha refeição e saí de casa para esticar as pernas. Apenas para cair em outra casa. Vi a vida de outros por uma janela trancada para sempre. Como um Homem-Gato, não retornei a minha casa e acordei noutro dia, observando pela janela que se abre. Vi baratas gigantes em cima de prédios. Tão grandes e tão significativas. Vi os olhos de um gato saindo direto de um banco. Mais significativo ainda. Voltei para casa. Comi algo e meus curadores saíram sem muitas satisfações, sabendo do meu papel felino. Tornei a sair e ir para outra casa. Dezenas de gatos. Fizemos nossa boemia e então, alguns gatos resolveram se separar e eu os acompanhei. Gatos familiares. Fui apresentado a uma gata no cio. Aí percebi, que minhas garras foram desaparecendo, meus olhos engrandecendo. Ela percebeu e foi-se embora. Corri para casa, deitei na cama. Meu olfato percebeu o cheiro da culpa incabível se aproximando.
Eu me senti um cachorro.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Apenas um desses contos...

Um jovem andava pela rua, quando escutou os gritos "ei! Jovem! Jovem garoto! é! você mesmo! tem um minuto?" um homem de certa idade não aparente, que mais parecia um velho, com entradas para futura careca. De agrado, esse Jovem parou o relógio, conseguiu um minuto e aproximou-se do vocativo. "bom Jovem, de pouca idade, fresco na mente. esse minuto será muito favorável. apenas quero que me ajude num trabalho de malhar. vê a cruz? claro que vê a cruz, com seu dourado e rubis. tenho que prega-la na porta desta casa. esse é o meu trabalho, mas ela é pesada e preciso demais força para prega-la. pode conceder teus braços jovens para que assim, a pregação termine mais rápido?" e o Jovem disse sim e foi ajudar o homem a pregar a cruz. Os dois começaram a martelar a porta da casa. De início, o Jovem batia pausadamente, sem muita força "vamos garoto! mais força nisso! quanto mais forte, mais firme a cruz fica!" e mais gritos do homem da cruz, fizeram com que o Jovem acelerasse a batida e aplicasse mais força no punho. Pregavam a cruz com os punhos cerrados, como uma luta. Pa Pa Pa Pa Pa Pa Pa! Sem parar! "vamos! a cruz tem que ser pregada! vamos!" e os gritos não paravam. Quando se deu conta, não estavam apenas os dois pregando. Mais pessoas iam chegando atraídas pelo canto do homem e a batida da pregação. Pa Pa Pa Pa Pa Pa Pa "sem parar!" Pa Pa Pa Pa Pa Pa Pa "sem parar!" era uma linda música e foi atraindo os apaixonados. Certa hora, os punhos do Jovem começaram a sangrar. Virou para perguntar ao homem da cruz, se podia parar, mas seus gritos mantinham um silêncio ao redor. Pa Pa Pa Pa Pa Pa "sem parar!" e parou de reclamar, ao notar que seu sangue na verdade, fazia um belo rubi na cruz. Uma multidão veio para ajudar a pregar. E o homem da cruz, parecia delirar, olhando para os céus de olhos fechados e cantando em gargalhadas, como um pianista cego. "ha ha ha ha ha ha sem parar!". O primeiro que foi ajudar, lembrou-se do relógio e viu que o minuto se fora. Virou-se para ir embora, mas a multidão o impedia. Os que não ajudavam a pregar, ajudavam na romaria. Não conseguia sair, e a multidão o esmagava contra a cruz. Sentiu um tiro no estômago, um na face. Não percebeu muito bem, até notar que confundiram-no com a cruz. Arriscou avisar, porém, era tarde. Morreu antes de saber, se a pregação havia terminado.

domingo, 15 de agosto de 2010

Domingos. Preciso tê-los por perto, enquanto arrasto móveis para ocupar a solidão.
Invernos. Obrigam-me a ascender uma lareira na sala, enquanto meus pés hipotérmicos garantem espasmos.

É tudo que tenho para dizer em domingos de invernos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Danica

Seu cigarro está pra acabar, assim como o turno do astro sol, que vai se pondo ao fundo. Uma visão privilegiada para quem mora no apartamento número 94, da torre 1. Condomínio Joy Dimension. Um dia já foi uma bela réplica dos prédios da famosa orla de Miami Beach. Não haver uma praia ali, era mero detalhe. Já foi um prédio cor salmão, que pela noite, abandonava a cor clara, para gritar com seu magenta neón. Mas isso foram outros tempos e ela nem era residente naquela época. O portal do prédio, estava velho e sujo. Apenas chegando muito perto, era possível uma leitura do pórtico. Era um arco em cor de madeira e o letreiro também da mesma cor. Porém, de noite era outro grito neón, dessa vez verde. Danica lembra ter lido aquilo apenas uma vez, quando chegou com suas malas, acompanhada de três amigas. Todas traziam bagagens e sonhos. As amigas se foram com o tempo e os sonhos também. Eles não caíram na promessa do pórtico do condomínio: “Uma outra Dimensão!”. Bastaram algumas semanas e o apartamento tornou-se mera extensão da realidade. As quatro jovens descobriram a vida no Lacienda. E que uma vez vivendo ali, não escapariam de formas santificadas. E, fora Danica, todas as outras saíram de lá com seus pecados em busca do paraíso. Danica preferia viver no inferno com seus próprios demônios e os dos outros. Não faria como Ana, que foi mandante do assassinato da esposa de seu marido, para que assim, pudessem se casar e ele a sustentasse. Nada contra Ana, as duas ainda se falam normalmente, foram mais amigas e hoje se respeitam. Mas Danica não colocaria tanto esforço por uma “estável”. Não. Lana virou a rainha branca. Começou a vender cocaína durante as noites, entre um intervalo de um programa e outro. Ficou “famosa” demais pela cidade, resolveu mudar para Europa. Com os contatos certos, o corpo quase perfeito e sua habilidade com facas, logo tornou-se “La Reine Blanche”. Engraçado era que ela não usava drogas. Quando cheirou pela primeira vez, enquanto estava em um hotel em Nice, comemorando a maior venda de sua vida, ela teve uma arritmia cardíaca e morreu. Barbie, foi a primeira a sair. Usou de seu corpo para pagar bons estudos. Hoje é uma vice-presidente da maior imobiliária do país. Nunca mais ela pisou novamente em Lacienda e fez uma visita para Danica. Todas foram viver com seus pecados no paraíso, Lana já na versão 2.0. O cigarro de Danica atinge o filtro, o sol se foi, a noite chega e o celular pode tocar a qualquer momento. Ela descola o tórax da janela e desliza o vidro que a fecha. Não há mais as cortinas floridas que ela trouxe de sua casa. Certa vez bebeu tanto, no nascer do sol, que ascendeu um cigarro e o foi ver a aurora do dia. Distraída, deixou o cigarro ao lado do braço direito. Adormeceu ali mesmo e só acordou com o cheiro de tecido queimado. Queimou o único resquício de sua adolescência. Porém, ela realmente não ligava para isso. Não mais. Com a ajuda das luzes da noite, ela tateou procurando o interruptor e o empurrou para cima. Uma luz fraca surgiu no teto do apartamento. Era entre o amarelo e o laranja, não se decidia. Apesar de fraca, foi suficiente para Danica avistar o sofá. Estava envolto em um lençol azul marinho e dividia a sala apenas com a TV. Haviam mais coisas ali, na época de ouro. Quando, uma a uma, as meninas foram saindo, algumas coisas também foram. Mas a maioria, Danica trocou por drogas e dinheiro. Dinheiro que logo virou bebida. Agora ela podia contar nos dedos as coisas que haviam no apartamento. Sofá velho, lençol azul marinho, pequena mesa retangular, que era suporte da TV usada e velha. Antes, era uma televisão bem mais nova, muito bonita. Virou um saquinho de açucar, com resquícios de cocaína. Depois de alguns dias, a abstinência do quadrado mágico, foi maior do que a abstinência de crack e Danica conseguiu a velha televisão usada, ficando assim, estável. Havia uma cama arrumada, mas raramente usada. Danica gostava de dormir no sofá, assistindo ao talk-show do Skinny. Ao lado do sofá, um cinzero preso em um pedestal. E era só, mais nada. Danica deitou-se ao sofá e procurou algo com sua mão próxima às nádegas. Não encontrou, pois aquilo não existia mais. Levantou-se, foi até a TV. Apertou o botão preto que estava próximo à pequena luz vermelha. A princípio não houve imagem, apenas o som de risadas falsas. Pelo horário, era o seriado “Missy Mississipi”. Mais uma reprise. Era tão velho, preto e branco, sem graça, de tanto que fora reprisado. Danica odiava o seriado. Voltou ao sofá e deitou-se novamente. A imagem surgiu de repente na tela preta. Sua calcinha estava com o lado esquerdo sendo engolido por suas flácidas nádegas. Ela meteu a mão por debaixo da calça, ajeitou a roupa de baixo e ficou assistindo “Missy Mississipi”. Riu de algumas piadas, ascendeu mais um cigarro. Começou a escutar tiros do lado de fora, carros passando correndo. Uma noite quente de verão. O mundo se agita o triplo do habitual. Sentiu vontade de urinar. Levantou-se e foi até o banheiro. Baixou as calças com força, para ter certeza de que levava a calcinha junto e sentou no vaso limpo. Era uma casa limpa, apesar da precariedade do prédio e da falta de móveis. Aliviou-se, tragando seu cigarro. Não era o favorito. “Ei, Lucky, me vê um maço de Liberty”, ela perguntou. “Jan, sinto muito xuxu, mas acabou meu estoque de Liberty”. Ela pensou, que deveria parar de comprar cigarros com Lucky. Ele já foi um bom revendedor, mas perdeu espaço nos últimos anos. “Ele não tinha tanta sorte assim” ela pensava enquanto a urina dourada descia de sua vagina. “Então me da um Boulevard mesmo”. Ela não suportava um Boulevard. Até o nome, ela não suportava. Gosto ruim, cheiro ruim, tudo ruim. “Por que merda eu pedi um Boulevard, então? Eles são mais baratos Dani, você sabe disso.” Terminou o cigarro e terminou de urinar. Danica levantou-se, subiu a calcinha e depois sua calça preta. Puxou a descarga, enquanto puxava outro cigarro do maço. Tossiu. “Isso que dá fumar, Danica. E ainda por cima, fumar um maço de Boulevard.” Era o último. Ascendeu-o e depois foi lavar as mãos. Jogou uma água no rosto e tentou se olhar no espelho, mas este estava todo trincado. Haviam dez Danicas ali e ela ficou com preguiça de analisa-las. Andando vagarosamente para seu sofá, ela assistia de longe os créditos do seriado, mas não ficou nem feliz e nem triste com isso. De sopetão, a caixa preta apagou-se. Danica suspirou, como quem já se cansou de algo. Já haviam dias em que a TV estava com esse surto de desligar-se sozinha. Continuou sua caminhada desprenteciosa. Quando estava à frente do aparelho, agachou-se e viu-se com o reflexo da tela. Notou alguns furinhos na sua face. Não muitos, mas um sinal da idade. O cabelo estava preso com um coque. A cor oscilava entre um loiro falso e o castanho escuro veridadeiro da raiz. Os olhos, pequenos e escuros. Usava um top cinza decotado. Apalpou os seios, para certificar-se de que o implante continuava ali. Ainda imaginava que um dia, a coisa ia escapar dali e sair quicando pela sala ou pior, durante um programa. Ela ainda travava quando um cliente, afoito por peitos, metia os dentes e os apertava. Estavam firmes, do jeito que ela e os outros gostam. Estava a mesma coisa de sempre, nenhuma novidade. Ligou a TV de novo, tornou a deitar-se ao sofá, fumando o último Boulevard. Agora, o programa era “Lei da Sobrevivência”. Pequenos documentários de pessoas que sobreviveram à uma provação horrível da vida. Danica nunca via algum programa sobre sobreviventes do Lacienda. Quem sabe hoje? É, ela tinha algumas pequenas expectativas da vida que a faziam esquecer certos absurdos. O programa estava pra começar, a abertura no seu encerramento. Quando o narrador pôs-se a falar, o celular tocou. Hora de trabalhar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Calculista - Pt.2 (e final)

O pátio onde eu realizava os desafios, estava sempre cheio. Uma massa de toneladas, espalhada em pedaços de quilos, tentava retirar-me de minhas circustâncias. Sempre em vão. Mal sabia eu que ali no meio, minha ruína contemplava o céu, como que dialogando com os deuses, o plano de destruição do meu ser. Porém, quem encontrou o algoz, fui eu próprio. Fui em quem libertei a fera. Seu corpo era firme e jovem. Os olhos, que pareciam um reflexo do céu acima, mas também poderiam ser janelas para um novo e virgem oceano. Os cabelos eram feitos de raios solares. Fêmea, com seus seios deformando um vestido de cores mil. Algo naquela fêmea sacudiu meu ser. Ela parecia entediada. Era cúmplice de meus sentimentos! Percebi ao olhar detalhado! Merecia uma devida atenção e diversão. Mesmo tendo o destino da não vitória, que eu já havia traçado. Ao menos, poderia notar-me. Chamei-a por seus adjetivos (linda jovem, olhos de Poseidon, cabelos de Apollo!) e prontamente, ela mirou em mim. “Deseja um bocado de distração? Será que consegue propor-me o cálculo inssolucionável?” Ela começa a caminhar em minha direção. “Sou o mestre do cálculo e não há quem me derrote”. Ainda mirando em mim, continuando a andada. “Dou-lhe a chance de... tentar derrotar-me c-com a-apenas uma p-pergunta” Pelos deuses! Ela está a um palmo de mim! Coloca os braços envolta de meu pescoço! “J-jovem, q-que é isso?” Seus lábios falam com os meus em línguuas jamais compreendidas. Estou em êxtase. Ela para. Olha-me nos olhos novamente, com aquele olhar que agora amo e temo. Esmoreci. Ela simplesmente, sussurou:

- Você consegue contar as batidas de seu coração?

Não consegui, falhei. Derrotado, por um beijo.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Calculista - Pt.1

Crônica feita durante uma madrugada de trabalho. Em pequenas partes para leitores preguiçosos como eu.

O Calculista

Eu era um calculista. Calculava tudo e todos. Tinha os cálculos precisos ao fim do mês. Formei-me em cálculo, sendo um dos destaques da turma de 63. Papai sorria orgulhoso. Mamãe chorava descompassada. Meu irmão mais novo, olhava intrigado e inspirado. Logo, era um funcionário de uma multinacional, em cargo de base. Pacientemente calculei precisamente em quanto seria promovido. E fui calculando, tudo e todos. Alguns, com certa modéstia, denomiram-me mestre do cálculo. Título que aceitei de bom grado.
Certo dia, já cansado de calcular meus louros por contribuição empresarial, criei um passatempo interno para os funcionários da (já minha) empresa. A proposta era: trazer o cálculo incalculável para o mestre resolver. Obviamente, o prêmio para quem o fizesse teria de ser relevante e nivelante à minha supremacia. Daria toda a minha riqueza para o que me derrotasse. Foram anos, tentativas frustradas. Pobres coitados, homens e mulheres, jovens e velhos. Calculei tudo e todos. Percebia onde seus previsíveis problemas tentavam me levar, logo eu preparava um bote, um exímio predador. Eu era um poderoso alicerce. Imóvel e reluzente.
Pois veio a tempestade, que estremeceu e escureceu a minha matéria.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Conto - "Matilha Assassina"

Pediram e aqui vai a primeira parte do meu conto.

Sou investigador particular. E tenho apenas um cliente. Meu cliente tem um gosto peculiar pelo inusitado, inexplorado, inexplicável. Esse gosto eu definiria como um desespero pela anormalidade. A rotina consumiu parte da sanidade e contato social do ser. Com as investigações e uma certa habilidade com a escrita, consigo escrever boas histórias para a coluna de uma famosa revista independente. Histórias como a que segue logo abaixo.

A história que se segue, pode ser um tanto fantasiosa. Até o narrador mais divino não poderia acreditar em tal fato. Sem dúvida é um evento aquem da normalidade. Por esse motivo ele será a fabula desta hora.
Conhecemos um tanto de contos que envolvem animais. Temos toda superstição que envolve o gato preto e o azar. Mas não me lembro de algum conto envolvendo os meigos cães, amigos do homem, com o macabro. Curiosamente nos meus registros encontrei um artigo de jornal sobre a morte de um jovem estudante universitário. Morto a mordidas de cachorro. A descrição foi o que mais chamou atenção no caso. Haviam mordidas de vários tipos no corpo do garoto, o que levou-se a concluir que não foi apenas um cachorro que promovera o ataque, mas sim, uma matilha. Várias raças foram identificadas. Desde poodles até mordidas de são bernardo reduziram uma vida a ossos e pedaços da carne pareciam ter sido arremessados para longe. Sim, não houve consumo da carne, apenas o crime. Parecia intencional. Procurei saber mais sobre o crime e decidi investigar as testemunhas. A perversidade humana poderia ser motivo para o crime? Levando-se em conta o histórico de cães, é bem possível que sim. O que me intrigou mais, foi o ataque em grupo.
Algumas horas depois e com algumas perguntas, tracei o perfil do garoto. Nunca teve nenhum sinal de perversidade. Amoroso, gentil. O único contraponto era o de ser um pouco recluso, reservado. Havia a namorada e as ex namoradas do jovem. Disseram que ele não possuia fantasias sexuais e nem demonstrava sinais de raiva enrustida. Na verdade, ele demonstrava uma certa tristeza e melancolia. Uma informação me chamou ainda mais atenção: o garoto tinha um cachorro. Um maltês pequenino e branco como a neve. Seu nome era muito sugestivo também. Snow. Os que conheciam e frequentavam a residencia do estudante sempre falaram que ele e o cão eram muito próximos. Quando estavam juntos havia o censo de cumplicidade e respeito. O cão nunca agredia ninguém gratuitamente.
A minha busca por algo inusitado diminuia com essas informações. Entretanto, quem esta habituado a fatos estranhos, sabe que onde há muita normalidade, o acontecimento esta relacionado com o algo que foge a compreensão do ser humano. A investigação iria continuar e encontraria os fragmentos que levariam ao fator determinante. Assim, deixei de lado o objetivo final para focar em outras questões. Que lugares frequentava o jovem estudante? Será que tinha uma vida secreta? Será que sua morte fora assassinato encomendado? Que fatores levariam um ser humano a ser brutalmente atacado pelos seus, assim ditos, melhores amigos?
Quanto a primeira e segunda perguntas, as respostas foram encontradas facilmente. E foram um tanto decepcionantes. O garoto vivia numa rotina. Acordava, estudava e voltava para casa. Durante as noites, dava um passeio com o pequeno Snow e, claro, descansava para o outro dia. Talvez a rotina não pudesse responder por agora os motivos do crime. Crime? Será que ainda cabe um acidente na questão? Deveria levar em conta? Sim. Toda possibilidade é válida. A questão da morte ser mandatória, também parece esvair-se mediante os elogios e círculos de amizade que envolviam o jovem. A maioria das pessoas apreciavam a compania. Não me parecia haver inimigos possíveis. Haviam uns e outros que não gostavam de certa postura, coisa comum. Nenhum deles seria capaz de arquitetar um plano macabro com matilhas de diferentes raças de cães. Durante uma das entrevistas investigativas com uma amiga do rapaz, tive outra possibilidade de encontrar mais informações por conta. "Não se sabia muito sobre a família dele, ele não dizia muito sobre a família, não". Então resolvi mudar o foco, já que continha muitas informações do cotidiano e da vida presente da vítima. Resolvi investigar o passado, até então desconhecido.

terça-feira, 18 de maio de 2010

For Ian

You could have lived.

You could have hold your impulses and break the Isolation.

You could have lived another Twenty Four Hours.

You could have wasted your time with those Dead Souls.

You could have listened to The Sound Of Music just one more time.

You could have lived another three Decades.

But all you would have seen is the Disorder.

And the world breaking like Glass.

You would have seen a world on a constant Day Of The Lords.

A world afraid of exposing it's Failures.

So tonight we make this Ceremony.

We celebrate The Eternal you became.

We understand that the Atmosphere was too much for you.

We understand why Love Will Tear Us Apart.

IC.JD. 18/05/1980

domingo, 16 de maio de 2010

Medo de Ninguém

Eu não quero que ninguém se aproxime de mim, porque já tô cheio.
Quero que ninguém vá pro inferno porque é o lugar que se merece.
Ninguém vem e tenta mudar a minha atitude. Ninguém adora me desmerecer.
Por quê?
Ninguém diz que me ama. Mas eu sei que não é verdade.
Ninguém ama toda a sociedade doente que se construiu durante anos. Ninguém precisa de ninguém para sobreviver. Ninguém é parasita. Ninguém mata. Direta ou indiretamente.
Se você é como ninguém, ninguém é você.
Tenho medo de ninguém.
Não tem nada mais triste que ninguém. Eu sou ninguém.

Ou sou alguém?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Que Bagunça

Entrei no quarto hoje para arrumar coisas da mudança. Que não é assim uma mudança. Já morei um tempo onde vou morar amanhã. Comecei a arrumar as coisas e me deparei com uma desordem tamanha nas minhas coisas.
Sempre fui desordenado. Caótico em algumas análises. Não encontrei nada muito expressivo, mas fiquei atônito com a quantidade de figurinhas repetidas que eu vim guardando o tempo todo. A maioria de papel. Quanta coisa comum que tornou-se incomum. Uma massa disforme talvez pela quantidade de formas semelhantes juntas.

O que eu tiro disso é que estou desesperado, pois a minha desordem, tornou-se a ordem.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Quando as Areias Derretem e Congelam

Amigo, cá estamos.

Mas nem estamos muito próximos um do outro, estamos?
Eu sento-me ao teu lado, toco teu rosto e expresso contrações labiais. Entretanto, eu vim lidando com areia concentrada em altas temperaturas depois congelada em baixas temperaturas. Toda aquela areia dos sonhos agora é um molde estático de uma prisão. Os grãos tornam-se uma ilusão transparente. Vejo-te ao outro lado e finjo que não existe barreira. Contrações labiais para ti, pois lhe convém. Houve o tempo do esforço, onde o punho esforçado quis destronar a barreira imposta de seu posto imóvel. Mas líquido da veia já denuncia a inutilidade da luta.

Cá estamos.
Forjamos um riso que nos convém e silenciamos a aorta.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Tendências Suicidas

Preciso urgente de um suicídio coletivo na minha vida. Tanta coisa pra se matar...
Sem arrependimento, sem choro e sem enterro.
Uma vez por ano, celebrar o homem que nunca morrerá. Ou uma vez por dia?
Não...capaz dele voltar à vida e atormentar a inércia.

Por favor, morra logo...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Para o Homem Que Nunca Morrerá

Admiro-te rapaz
Com tempo pra amar
É de se admirar
Que se tenha vida
Que ainda se é amiga
Orgulho de ver o coração que palpita
Que permite-se sonhar
Gostava de bater palma
Desejava ter uma lágrima
É de se admirar

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Podres Doces

Uma velha senhora anda na direção duma colina. Ela carrega apenas uma cesta de doces. Era velha, mas era possível deduzir que foi jovem e linda muito tempo atrás. Um tempo lembrado apenas quando faz o caminho para a colina. É um caminho já conhecido e percorrido muitas e muitas vezes. Já fez um tempo que não ia até aquela casa. Casa que parecia envelhecer junto dela, pois cada vez que visitava-a, pedaços e mais pedaços caíam duramente. Podia-se ouvir o choque há distância. Era o que diziam os moradores. A velha nunca os ouviu, pois a casa nunca despedaçava quando ela estava longe. Apenas quando ela visitava-a. Estranhamente, apenas quando a velha estava por perto.

Olhou para o alto da colina e percebeu que a casa estava próxima. Foi o bastante para já ouvir-se os tremores da mesma. Uma irritação. A casa era de uma cor que não se sabia ao certo. Havia o verde do mofo, havia o preto da morte, havia o cinza das cinzas. Era uma cor podre e mortífera. À porta, muitos cestos iguais o que a velha carregava. Podia-se dizer que os doces estavam podres devido ação do tempo, pois há muito que estavam ali. Mas os velhos e podres doces obtiveram a mesma cor mortal da casa. Pareciam ter absorvido a doença que ali parecia habitar.

Bateu à porta. E um som reproduzindo palavras respondeu:
- És tu novamente, assim deduzo, ó velha memória!
Era um som e não uma voz. Aquele som grave e agudo, amargo e azedo, não era uma voz, já não podia mais ser.
- Pois sim, sou aquela que lhe atormenta por vezes. Sinto-me obrigada a isso. - respondeu a velha.
- Pode deixar o que trouxe e que cheira bem aí à porta. Não desejo as coisas feitas por quem desconheço. - disse o som.
- Perdão, novamente estás equivocado. Conhecemo-nos há muito. Se ao menos colocasse os olhos perante mim, talvez pudesse lembrar.
- O que há muito conheço, velha culpada, foi-se junto com minha sanidade.
- Talvez se eu lhe disser meu nome...
- Poupa teu fôlego. Vá antes que a casa desabe sobre teu corpo, mente e alma.
- Se assim deseja. Mas gostaria de perguntar-lhe, apenas responda-me isso: Não sentes nada ao ouvir minha voz? Não sentes nada com minhas visitas? Não lhe toca o coração minhas atitudes?
- Devo dizer-lhe que sim. Há vários sentimentos. É notavel que algo ocorre quando passa o teu fantasma por aqui. Não há como negar. Sim. Há muitos sentimentos, mas nenhum deles se chama Amor.

E a velha deixou mais um cesto de doces à porta. Sem lágrimas, sem desespero, sem o cesto de doces.
A velha voltou sem nada, novamente.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Escuridão e Assombração

Eu sou a Noite, a Sombra, a Escuridão.

Não passa por tuas mentes fracas, que sou também o Sono. Sou a Tranquilidade. Sou o apagar das luzes, o estopim dos sonhos. É o meu pólen de papoula que vos da o cansaço. A fadiga que entorpece a realidade. Eu sou o Ébano.

Já tentei estar junto ao Sol. Mas os iluminados não me aceitavam. Eu era a antítese das cores. Era feio perante as cores do Dia. Sol, sempre foi um amigo fiel. Porém, amante de seus amantes. Disse-me então: "Preciso descansar um bocado. Durante meu sono, toma conta deles por mim, pois?"
Aceitei. De bom agrado. Ganhei também, uma lanterna de meu amigo Sol. Lua, assim a chamei. Não tão forte como o Sol, mas era linda a tua luz prata contrastando comigo.

Então começou o que chamei de "Insônia". Fanáticos pela luz dourada do Sol, não dormiam mais. Estavam contaminados. Era a Doença Dourada. Sem descansar e nem sonhar, estes caçavam outras formas de se alimentarem da luz dourada durante o meu turno de guarda. Encontraram, mas não era satisfatória aquela luz artificial. Sem sonhos e irritados, começaram algumas batalhas, que logo tornaram-se guerras. Onde foi parar o Sonho? Há muito sente-se fraca sua presença. Nem a luz prata de Lua era suficiente. Erroneamente, fui culpado. Apontaram o dedo para mim e diziam "Culpada seja a Noite! Monótona, morta! Queremos a luz! Queremos a iluminação eterna!". A fúria continuou e apenas pude lamentar. Vidas foram destruídas. Almas partiram para o além cósmico da galáxia.

As mais perturbadas, tornaram-se fantasmas. Certas horas de meu reinado, elas retornam. Assombrando-me. Suspiram à Noite: "Culpa tua...culpa tua...culpa tua". Por vezes o tormento faz-me chorar. Por vezes, faz-me tremer. A esses corpos celestes mortos, nomeei de Estrelas.

Por muito elas machucaram-me. Mas dei-me conta.

Estrelas brilham, só para lembrar-me que já morreram.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Luz e Morte

Eu fui o Sol.

Eu fui a luz. Destinado a levar iluminação aos cantos mais sombrios de minha galáxia. Porém, fui sábio o bastante para deixar as sombras cuidarem da noite. Assim, os meus iluminados sentiriam a falta de mim. Tinha-os por perto, sentia-os próximos, mas não os consumia. Era o bastante.

Eu fui o Sol.

Deixei de sê-lo. Em que momento exato, não saberia dizer. Descobri que durante as horas sombrias, um vazio espalhava-se. E a prece daqueles ingratos, era de luz eterna. Iluminação a todo momento. Mas a minha energia tem fim. Pouco se importavam. Em nome da iluminação, desceram lâminas contra si mesmos. Pintaram em vão, a escuridão. Beberam o sangue clamando por vinho. Não eram pacientes de saber que eu necessitava de sono e sonhos. Não bastava a eles, saber que minha volta na alvorada seria triunfal. Durante as horas sombrias, procuravam outras luzes. Outros confortos. Eles não sabiam mais sonhar. Não sabiam descansar.

Eu fui o Sol.

Suicídio foi o que me restou. Com a tristeza a flor de minha atmosfera, negativei-me. Esmoreci. Mas não foi o bastante. Vê-los em pleno caos, em desejo de consumir uns aos outros era de uma tristeza maior. Queria dizima-los. Apagar a vista deprimente. E para isso, teria de engolir os que amei. Tornei-me o buraco negro. E nada gira em torno de mim. Não são mais atraídos por vontade própria. São consumidos por obrigação.

Eu fui o Sol

Eu sou a Morte de tudo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cerimônia

É por isso que os eventos me irritam e enervam-me. Tudo isso mostra-se repetidamente diferente. É difícil tomar uma decisão, mas logo terá de se tomar o partido. Tomar a posição de mártir e arremessar-se à alguma chama mal descrita. E consequências que venham após. Não penso nos seres próximos. Eu vou derruba-los, sem demonstrar perdão. O céu sabe que tem que ser desta vez. Seja em prantos. Seja suspenso. Mas visualize-me comece assistindo. Assistindo para sempre. O amor crescendo. Será minha partida, minha despedida. Os sons de uma divisão do prazer anunciarão que a cerimônia começa. E quando a divisão do prazer chegar ao fim, inicia-se a nova ordem. Venha o que vier, isto foi, está e será decidido...algum dia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O H(h)omem

O Homem é forte! Faça chuva, faça sol! Sem guarda-chuva, sem guarda-sol! Lá vem o Homem decidido! Passos firmes, rosto firme! Ele tem as certezas nas mãos firmes! O Homem assegura os inseguros que há segurança! O Homem é fascinante! O Homem é cativante! Ele tem uma montanha a escalar! Ele se propõe a alcançar o topo e de lá! Cravar tua força! O Homem! Sem pensar muito! Toma a decisão! Esse é o Homem! E ele tem toda as certezas nas mãos firmes! E os passos firmes! Passos de Homem! A montanha logo será vencida! E o Homem tornará a ser vitorioso! Com todo o esforço! E feridas não o ferem! E o frio não o esfria! E nem o calor o derrete! Tudo por isto! Vejam todos! Lá está Ele! O Homem! Cravando toda tua magistral vitória! Esse é o Homem! O Homem venceu a montanha! Agora o Homem vê tudo lá de cima e compreende! Ele compreende tudo! ele compreende tudo. ele compreende que ele é o homem. uma ferida dói. sente-se um frio. a mente derreter. a perna cedem. o corpo treme. a altura da Montanha o assusta. não pode mover-se dali. já não há espectadores pós-vitória. o vencedor torna-se vencido. o homem perde para a Montanha. as certezas tornam-se incertezas. assegura-se de que há insegurança. o homem pensa muito agora. o homem é deprimente. o homem é irritante. esse é o homem fraco, o homem compreendendo sua fraqueza. sua solidão. esse é o homem. retorna-se um derrotado. se propõe a ficar no topo e não descer de lá, pois viu o tudo agora tem medo. não observem todos, o homem fraco. não nos fascina e nem cativa e nem merece os aplausos. procuremos outro que vença a Montanha e que não se abale com o que há lá em cima. abandonemos esse homem fraco. não nos serve de nada. homem.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Som do Silêncio

Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio Vazio

English Boy - 80's (Pt.III)

Exorcism

Night is complete. This is the place where darkness can get even more dark. With the tie and the shoes, the fancy pants. I'm the running demon. I push against the people. I push against an old lady. A young boy. A middle age man-of-family. I'm fucking pissed off. I'm fucking tired. I'm pure energy. The thin rain tastes like oil. It might be oil. Hard steps on the ground and the water (oil) splashes around my feet. I finally arrived. I'm in front of The Church. I say to the man behind the bars that I want to see the priest, that I want to be exorcised. That I want to taste the holy water. I pay to him. I'm inside. This is the place where darkened darkness can get even more dark. But with some colorful lights. I see'em. Angels holding holy instruments. Every movement they make, angel dust falls behind. Their music invades my insides. The demon shakes a little. Then the priest starts the sermon. The demon crumbles. It wants to run, to be outside the body. We fight. We shake. We dance. And I can shortly see that I am no the only one. Demons are dancing. The Church become hell. Then, the holy water slips through my lips, then spreads all over my body.
Oh, Thank You God! I'm Exorcised in Hell!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

English Boy - 80's (Pt.II)

Outside

A door closing behind. The sound of the past. The forgettable past. I can't look behind, I can't face my past. But memories are silent. The white hall remains fresh inside the nihilist brain. Beating on the wounded heart. And it make a contrast with the black, dark and dirt streets. Soon, the white (intended to foolish) hall will be consumed. And the air won't be conditioned. And the lungs will faint. So I run. This is the place where darkness can't get even more dark. So I run. And the lungs scream for mercy. Totally in vain. Dry air. I could stand still. I could. But we could dance. Dance to the radio. Run to the dance. Wash the demons. Wash the coal and steel. Wash it on someones else body. So I run. Looking for a church, a priest and the holly water. I want to be fucking exorcised.

(cont.)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

English Boy - 80's

Começo aqui uma curta série baseada na década de 80 na Inglaterra. Espero gostar disso num futuro próximo.

Inside

So, It's Friday. The night seems to be falling soon. Can't see here locked in the fucking office. But time gives it all away. Time always give all away. The industrial site here in Manchester looks pretty dirt. Just want to get the fuck out of this place. But can't deny it brings to me the benefice of doubt. Are we, the young, ready to take this pieces of coal? Because, it's getting heavy. The air, the steel, the pace. We cough it out all the time. Yet there's still this appeal. The appeal of pain. Clock stopped at six. Time to go outside.

Continuo depois.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Suspenso

Vivo na cidade suspensa e todos andam com a corda no pescoço.
Basta um passo em falso, quebra de regra, errônea exceção.
Uma escorregada para o chão abrir-se embaixo dos pés.
Vejo muitos pendurados, a corda roçando a garganta.
A corda num flerte perigoso, ainda assim, tenso.
A cidade suspensa no ar e o chão de cristal.
Basta um passo mais firme e, rachaduras.
E é o bastante para suspender-se.
A corda no pescoço apertar.
E a vida vêm a sufocar.
E a voz chega falhar.
Palavra faltará.
Perde-se voz.
A corda.
Acorda.
.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Importação

Eu prometi continuar sem me importar. Não me importo. Não te importe, peço.
Se tudo têm de ser aceito, nada seria a luta. Luta que é humana, vem de dentro dos confins do sentimento. Um trem sem trilho. 1cm do chão. Voando!

Continue a registrar, continue a registrar. Sem ao menos me importar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma Madrugada de Trabalho

Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap
Blá blá blá blá blá blá blá blá
Tap tap tap tap tap tap tap blá blá blá blá blá
*suspiro*
Blá blá blá blá blá blá Tap tap tap tap
*pisca*
Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap
Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap
Blá blá blá blá blá
Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap
Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap
Blá blá blá blá blá blá
*pisca*
*suspiro*
Tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap tap

Etc etc etc etc etc etc etc...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Efeito Colateral de Uma Gripe

Existe uma gripe em mim. Minhas narinas tentam desesperadamente expelir o que há de ruim em mim. Mas a fonte é constante. Além da gripe, há o medicamento. Este me deixa em um estado horrível e frágil. Gasto papéis e mais papéis para o lamento de minha doença. Estou doente. Fato inegável.
Por quanto tempo estive assim? Por quanto meu sangue foi contaminado e agora sou um vírus ambulante e errante? Difícil dizer. Só sei que fui pego desprevinido. Passo a noite acordado. Obrigatoriamente. Estou fraco.

Eu pediria por forças, mas já não me importo mais. Perdi a vontade de querer mais. Não tenho medo, nem um pouco. E pra ser sincero, não lembro mais de quando éramos jovens. Agora, os erros, serão cobrados, julgados. Já nem lembro do tempo que foi diferente, tempo de errar. De permitir-se errar. Já não é mais assim, já não foi. Não será.

Estou doente, estou fraco, estou contaminado.

Dê licensa, preciso ingerir meu medicamento...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Momentum I

Eu não quero acreditar no que os comuns falam sobre amor. Eu cansei de gente cansada, desgastada. Eu digo à todos vocês, já pedindo perdão, que vão pro inferno! Por quanto tempo vamos segurar todas as emoções e as vontades de estar em constante contato com alguém? Por quanto tempo vocês continuarão rindo da felicidade dos outros?

Eu digo, é inveja! É inveja por não serem capazes de permitir o amor. São ineficazes! E eu cansei de vocês! Porra, que grande merda é essa que vocês estão pensando da vida? O fim da vida, justifica os meios que tomam diante dela? Vocês se condenam! Condenam a si mesmos! Dizem que não há nada de bom, que devemos aproveitar o presente, destruindo o futuro! O futuro é o amanhã! E o amanhã existe tanto quanto o agora!

Escreva um livro!
Ame alguém!
Não deixe ninguém desmerecer suas idéias!
Não desmereça ninguém!
Seja diferente!
Escolha!
Escolha!
Escolha!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Muro

Yellow
Blue Black Can you see the white?

@.@

LOVE

TT

MEDO MEDO MEDO MEDO
qUEM É vc?


As coisas podem melhorar, apenas siga o coelho

!Amanhã pode ser!


IC

REVOLUÇÃO GOETHEANA

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Mycro e a Colisão

Retirado do livro mágico de Welt:

"Mycro era um ser que vivia nos confins da Terra do Algodão. Carregava consigo uma essência. De vez em quando, algumas outras Terras (Terra da Seda, Cetim, Lã...) podiam ser vistas pela distância, pelo horizonte, mas nunca tão claramente. Eram como luas. Mycro sempre desejou conhecer tais terras. Mas o Poderoso parecia afastar-se. O Poderoso era quem regia os movimentos da Terra do Algodão. Soberano em sua órbita. Sem colisões. Mycro ouviu histórias sobre as famosas Colisões de Mundos. Dos que sobreviveram, o relato era quase o mesmo. Uma energia corria entre as Terras. Raios e tremores ocorriam. O chão parecia que explodir. Uma batida frenética tomava conta do solo. Enchentes de mar salgado invadiam todos os cantos. Principalmente na Zona dos Dez Picos. Os corpos cheios de essências, quando se colidiam, causavam reações energéticas. A princípio, tudo isso transparece um terror. Uma sensação ruim. Mas todos sentiam que após Colisões, o Poderoso fazia coisas incríveis. O vento corria mais, a música era mais contagiante. Do caos para à ordem. Da tempestade à calmaria. Mycro realmente, queria presenciar uma Colisão.

Até que um belo dia, ela veio.

Foi um dia onde tremores frenéticos tomaram conta. Quando começou as palpitações, Mycro se ofereceu para investiga-los e correu para a Zona dos Dez Picos, que ficava fora dos limites da Terra do Algodão. Mas o lugar estava alagado. Muitos corpos de essência (Essenciais), estavam imersos n'água. Mas, notou que, na verdade, o lugar era quente e que os Essenciais ali presentes, estavam derretendo. Se o garoto não saisse logo de lá, corria o mesmo risco. Foi quando ele viu. Aterrorizado e maravilhado! Dez Picos caindo do céu! Indo de encontro aos Dez Picos escaldantes! Mycro correu de lá. O choque de Vinte Picos não foi barulhento. Foi calmo, silencioso, carinhoso em uma leitura mais ciente. Mas o pequeno Essencial não tinha tempo para análise. Correu dali o máximo que podia. Horas depois, chegou até a Terra do Algodão. Extasiado, contou com gaguejos e nervosismo, sobre os Dez Picos voadores. Foi o bastante para o povo do Algodão ficar em polvorosa! Muitos clamavam para o Poderoso ter cautela, outros corriam para cantos escuros. A maioria, agarrou-se ao chão, em desespero. Então, os tremores triplicaram. O céu escureceu. Mycro viu, uma Terra aproximando-se. Foi tudo tão rápido! Não soube definir se era de Cetim ou Seda. Ou qualquer outra coisa que fosse. A Colisão aconteceria. Ela estava muito perto. A Terra estava úmida. Mycro já tinha um plano. Não esperaria a Colisão.
Quando o Novo Mundo aproximou-se, ele saltou. Saltou muito rápido. E enquanto estava no ar, deu-se conta: Ele iria colidir. Iria espatifar-se naquela superfície. A Essência que carregava, iria espalhar-se por aquela Terra. Depois disso, tudo escureceu.

Os olhos abriram, mas não conseguia mover o corpo. Olhou para o lado. Estava no Novo Mundo. Mas arrebentado. Sentiu tudo ao seu redor úmido. A essência estava ao chão. Sua consciência estava frágil, confusa. Parte decepcionado, pois estava ali, agonizando em um lugar novo. Jamais o desbravaria e conheceria seus cantos mais secretos. De repente, uma voz feminina ecoou por todo canto. E jurando ver os lábios dela, movendo-se em seus pensamentos, ele ouviu:

'- Eu gosto do teu cheiro.'

Mycro sorriu...e adormeceu."

A Manhã Seguinte

Minhas mãos estão molhadas. Parecem que não secaram há muito tempo. A mão direita dói. Talvez tenha rompido um nervo. Talvez algo rompeu-se por aqui. Eu esqueci meu acesso ao emprego. Passei a noite obrigado a ficar acordado e pensando. Sem sonhos, apenas realidade. Palavras reapareceram, gestos também. Tive que enfrentar e aceitar meu fado. Eu não faço idéia do que vem a ser tudo isso, mas é algo. Sim, a tempestade veio ontem. Eu falei com ela em meio a relâmpagos e águas cadentes. Feliz Ano Novo. A virada foi ontem. Bem-vindo ao clube.

Thy
Appearance
Is
Surreal

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tempestade e Impulso

Ó céu ofuscado pela nuvem negra que se forma. Vi a tal de longe. Nuvem negra com pequenos pontos de luz. Ó chão, que assusta-se com a chegada da tempestade que se anuncia. Ela aproximou-se, ela veio. E eu, com duas mãos e uma preocupação segurei-me onde pude. Tudo em vão. O mundo a minha volta saltou de um hemisfério à outro. E a tempestade levava tudo aquilo que se dizia real.
Ó, perdoe-me chão, mas já não havia mais forças. O impulso foi mais forte e deixei a tempestade levar-me embora pra longe.
Ó tempestade, tenha piedade de mim e me leve para algum lugar seguro. Clame pelos ventos para que amorteçam a minha queda quando ela for inevitável e me abrace para eu não me sentir solo.
Peço para que mãos mais firmes construam uma casa onde foi meu chão. Uma bela casa.
Espero que a tempestade fique, pois a ela entreguei tudo e a ela eu beijei.

Sturm und Drang

domingo, 17 de janeiro de 2010

Borrões

Sabe aquele momento da sua vida que, por mais que na tua mente exista um horizonte e por mais que todo mundo aponte e diga que lá no fundo há um horizonte, e por mais que você se esforce para enxerga-lo. E a impressão que se tem, é de que passaram uma borracha manchada de tinta. E onde era antes um horizonte, e com a borracha um nada, vira uma coisa indecifrável.

Borrões.

Eu sei que tinha um horizonte lá no fim. Um dia teve, esses dias atrás. Mas alguém veio com uma borracha suja e ao invés de apaga-lo, borrou tudo. Agora não faço idéia do que tem ali no fundo.
Eu tenho duas opções:

1 - Andar até o fim e (re)descobrir o horizonte
2 - Comprar um par de óculos e ter um novo olhar.

O Sujeito

Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu

É tudo sobre Eu
Não venha com expectativas comediantes como da última vez!
E espere rosas com cheiro de merda!
Pois tudo é sobre Eu. Gira em torno de Eu

Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu