Eu fui a luz. Destinado a levar iluminação aos cantos mais sombrios de minha galáxia. Porém, fui sábio o bastante para deixar as sombras cuidarem da noite. Assim, os meus iluminados sentiriam a falta de mim. Tinha-os por perto, sentia-os próximos, mas não os consumia. Era o bastante.
Eu fui o Sol.
Deixei de sê-lo. Em que momento exato, não saberia dizer. Descobri que durante as horas sombrias, um vazio espalhava-se. E a prece daqueles ingratos, era de luz eterna. Iluminação a todo momento. Mas a minha energia tem fim. Pouco se importavam. Em nome da iluminação, desceram lâminas contra si mesmos. Pintaram em vão, a escuridão. Beberam o sangue clamando por vinho. Não eram pacientes de saber que eu necessitava de sono e sonhos. Não bastava a eles, saber que minha volta na alvorada seria triunfal. Durante as horas sombrias, procuravam outras luzes. Outros confortos. Eles não sabiam mais sonhar. Não sabiam descansar.
Eu fui o Sol.
Suicídio foi o que me restou. Com a tristeza a flor de minha atmosfera, negativei-me. Esmoreci. Mas não foi o bastante. Vê-los em pleno caos, em desejo de consumir uns aos outros era de uma tristeza maior. Queria dizima-los. Apagar a vista deprimente. E para isso, teria de engolir os que amei. Tornei-me o buraco negro. E nada gira em torno de mim. Não são mais atraídos por vontade própria. São consumidos por obrigação.
Eu fui o Sol
Eu sou a Morte de tudo.
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