segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Escuridão e Assombração

Eu sou a Noite, a Sombra, a Escuridão.

Não passa por tuas mentes fracas, que sou também o Sono. Sou a Tranquilidade. Sou o apagar das luzes, o estopim dos sonhos. É o meu pólen de papoula que vos da o cansaço. A fadiga que entorpece a realidade. Eu sou o Ébano.

Já tentei estar junto ao Sol. Mas os iluminados não me aceitavam. Eu era a antítese das cores. Era feio perante as cores do Dia. Sol, sempre foi um amigo fiel. Porém, amante de seus amantes. Disse-me então: "Preciso descansar um bocado. Durante meu sono, toma conta deles por mim, pois?"
Aceitei. De bom agrado. Ganhei também, uma lanterna de meu amigo Sol. Lua, assim a chamei. Não tão forte como o Sol, mas era linda a tua luz prata contrastando comigo.

Então começou o que chamei de "Insônia". Fanáticos pela luz dourada do Sol, não dormiam mais. Estavam contaminados. Era a Doença Dourada. Sem descansar e nem sonhar, estes caçavam outras formas de se alimentarem da luz dourada durante o meu turno de guarda. Encontraram, mas não era satisfatória aquela luz artificial. Sem sonhos e irritados, começaram algumas batalhas, que logo tornaram-se guerras. Onde foi parar o Sonho? Há muito sente-se fraca sua presença. Nem a luz prata de Lua era suficiente. Erroneamente, fui culpado. Apontaram o dedo para mim e diziam "Culpada seja a Noite! Monótona, morta! Queremos a luz! Queremos a iluminação eterna!". A fúria continuou e apenas pude lamentar. Vidas foram destruídas. Almas partiram para o além cósmico da galáxia.

As mais perturbadas, tornaram-se fantasmas. Certas horas de meu reinado, elas retornam. Assombrando-me. Suspiram à Noite: "Culpa tua...culpa tua...culpa tua". Por vezes o tormento faz-me chorar. Por vezes, faz-me tremer. A esses corpos celestes mortos, nomeei de Estrelas.

Por muito elas machucaram-me. Mas dei-me conta.

Estrelas brilham, só para lembrar-me que já morreram.

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